Trump Impõe Novo Golpe de Imigração a Estudantes Internacionais

A administração Trump propôs uma nova regra para limitar estudantes internacionais a períodos fixos de permanência, tornando a matrícula em universidades americanas mais precária. Educadores alertam que, se a regra for finalizada, menos estudantes internacionais virão para os EUA. A regulamentação representa a ação mais recente do governo Trump para restringir estudantes internacionais e deve ser vista nesse contexto. Dados de imigração de julho de 2025 mostraram uma queda significativa na chegada de estudantes internacionais em comparação com o mesmo período do ano anterior, incluindo uma redução de quase 50% no número de estudantes vindos da Índia. A regra proposta também aumentará a burocracia para empregadores ao incluir uma medida não relacionada: eliminar a deferência a decisões anteriores em julgamentos de imigração.

O vice-chefe de gabinete da Casa Branca, Stephen Miller, e o diretor do Serviço de Cidadania e Imigração dos EUA (USCIS), Joseph Edlow, já indicaram que não querem que estudantes internacionais permaneçam e trabalhem nos Estados Unidos após concluírem seus cursos. A proposta terá um período de comentários públicos de 30 dias. Salvo que haja ações judiciais que bloqueiem a medida, a expectativa é que ela entre em vigor antes do ano letivo de outono de 2026.


Nova Regra de Imigração Estabelecerá Períodos Fixos de Admissão para Estudantes

Em 28 de agosto de 2025, o Departamento de Segurança Interna (DHS) publicou uma proposta para eliminar a “duração do status” para estudantes F-1 e visitantes de intercâmbio J-1. Atualmente, estudantes internacionais podem permanecer em situação legal enquanto estiverem cursando seus estudos, podendo, por exemplo, transitar da graduação para a pós-graduação. A nova regra substituiria essa política, salvo exceções limitadas, estabelecendo um período fixo de quatro anos para portadores de vistos F-1 e J-1. A regra também limita o período de permanência de jornalistas estrangeiros com visto I e impõe um máximo de 24 meses para alunos de cursos de inglês.

O limite de quatro anos será insuficiente para muitos estudantes internacionais. O Centro Nacional de Estatísticas da Educação aponta uma mediana de 52 meses (4,3 anos) para concluir a graduação. Já a Fundação Nacional de Ciência indica 5,7 anos em média para completar um doutorado.

Estudantes atuais poderão permanecer em duração de status, mas não poderão ultrapassar quatro anos a partir da data em que a regra entrar em vigor sem solicitar uma extensão de status (EOS). O mesmo se aplicará a visitantes J-1. Por exemplo, pesquisadores ou médicos estrangeiros que tenham programas de até 5 ou 7 anos precisarão solicitar uma EOS antes do limite de 4 anos.

De acordo com o DHS, estudantes que saírem dos EUA após a entrada em vigor da regra e retornarem poderão ser readmitidos com um novo período fixo de permanência.


Impacto no OPT e STEM OPT

A regra proposta também afetará o Treinamento Prático Opcional (OPT) e a extensão para áreas STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática). Hoje, OPT e STEM OPT são considerados parte do status F-1, sem necessidade de extensão de status. Com a mudança, estudantes precisarão solicitar uma extensão de status F-1 para participar do OPT e novamente para obter a extensão STEM OPT — aumentando custos e atrasos.

Quem já estiver no OPT ou STEM OPT antes da entrada em vigor da regra não precisará pedir extensão. Mas o diretor do USCIS, Joseph Edlow, já declarou que pretende encerrar futuramente a possibilidade de estudantes internacionais trabalharem após a conclusão dos estudos.


“Ataque silencioso” contra a deferência em julgamentos de imigração

Durante o primeiro mandato de Trump, o USCIS encerrou a prática de dar deferência a decisões anteriores em pedidos de renovação, o que aumentou significativamente os pedidos de provas adicionais e negações de extensões de visto H-1B. A administração Biden, em 2024, restabeleceu a deferência. Agora, o governo Trump tenta novamente eliminá-la, escondendo a mudança em linguagem técnica da nova proposta.

O texto atual garante deferência salvo em caso de erro ou mudanças materiais. A nova redação daria total discricionariedade ao USCIS, sem direito de apelação em caso de negação. Isso deve gerar mais incerteza para empregadores e trabalhadores estrangeiros.


Exceções Limitadas para Extensões

A regra prevê que estudantes possam solicitar extensão de status apenas em três situações:

  1. Razão acadêmica convincente – mudança de curso ou problema inesperado de pesquisa;

  2. Razão médica documentada – doença ou acidente grave;

  3. Circunstâncias fora do controle do estudante – desastre natural, crise nacional de saúde ou fechamento da instituição.

Questões como reprovação ou necessidade de mais tempo devido a dificuldades acadêmicas não serão aceitas. Educadores alertam que isso ignora diferenças individuais e o modelo de flexibilidade das universidades americanas.


Justificativa de Segurança Nacional

O DHS afirma que a regra aumentará a segurança nacional, permitindo reavaliar periodicamente estudantes internacionais. Como justificativa, cita cinco casos de cidadãos chineses em programas J-1 considerados riscos à segurança.

No entanto, ex-funcionários de segurança, como Elizabeth Neumann, argumentam que seria mais eficaz focar em indivíduos suspeitos, em vez de impor restrições generalizadas que atingem milhões de estudantes sem histórico de violações.

O DHS também apontou que cerca de 2.100 estrangeiros que entraram como estudantes entre 2000 e 2010 ainda estariam em status F-1 — apenas 0,067% do total de mais de 3 milhões.


Educadores Preveem Queda na Matrícula de Estudantes Internacionais

Organizações educacionais condenaram a proposta, afirmando que ela desestimulará estudantes internacionais e prejudicará universidades e a economia americana.

Miriam Feldblum, da Presidents’ Alliance on Higher Education and Immigration, disse que a medida criará incertezas, aumentará a burocracia e prejudicará a inovação e a competitividade global dos EUA.

Fanta Aw, da NAFSA: Association of International Educators, afirmou que o governo estaria interferindo indevidamente em decisões acadêmicas, já que estudantes internacionais já são monitorados de forma rigorosa pelo sistema SEVIS.

Educadores alertam que a regra trará imprevisibilidade na conclusão de cursos e agirá como um forte desestímulo para que estudantes escolham os EUA como destino de estudos.

Fonte : Forbes

Facebook
Twitter
LinkedIn

Consulta de 1 hora por Whats App ou Google Meet, com Dr. Linhares. Valor : 250 Dólares

Consulta Gratuita de 30 minutos para o visto EB2-NIW